Por iniciativa do deputado Amilton Filho (MDB), órgãos do Governo, organizações não governamentais e entidades da sociedade civil organizada debateram propostas para a implementação do tema das mudanças climáticas na educação formal no estado.
O documento a ser elaborado será transformado em projeto de lei e apresentado em Plenário, se possível, na próxima semana, quando se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente.
O evento foi realizado a partir de uma visita de integrantes do Núcleo Regional do Climate Reality Project Brasil, uma organização global, que atua em busca de soluções para a crise climática, ao parlamentar, que prontamente encampou a ideia.
A audiência pública aconteceu nesta quarta-feir (31), na sala de comissões, do Palácio Maguito Vilela.
A Mesa Diretiva foi composta pelo deputado Amilton Filho, pela coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) Para Implementação da Educação Climática em Goiás, Ludmila Rosa, o representante do Núcleo Regional do Climate Reality Project Brasil, Guilherme Teles, o gerente de mudanças climáticas da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Milvo Gabriel e o representante da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (ARCA), Gerson Neto.
Também participaram da audiência, representantes de diversas entidades e instituições, como a Liga Acadêmica de Estudos Políticos da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (LAEP/PUC GO), o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), o Movimento Resíduo Zero, o Movimento Escolas Pelo Clima e o Green Peace, entre outros.
Na abertura dos trabalhos, o deputado Amilton filho admitiu que ainda tem pouco conhecimento sobre o assunto, mas que a partir das conversas com os membros do Climate Reality Project Brasil percebeu a importância de se inserir as questões relativas às mudanças climáticas na educação de crianças, jovens e adultos.
O parlamentar disse ainda que acredita profundamente na força da educação para mudança de cultura.
“Eu tive um exemplo dentro da minha casa. Na escola que meu filho estuda, tem o tema educação de trânsito. Ele tem 5 anos, não é plenamente alfabetizado, mas já identifica os sinais de trânsito e já me chama atenção no trânsito.
Então quando a gente insere essa criança, o jovem, o adolescente, o resultado é muito mais eficaz, do que quando se tenta tratar com pessoas que não tiveram essa oportunidade. Tenham certeza que não vai faltar da nossa parte, articulação política para aprovarmos o projeto e tirá-lo do papel”, se comprometeu.
A coordenadora do GT Ludmila Rosa explicou que a ideia é que a educação climática seja acoplada à educação ambiental, assunto para o qual já existe uma lei aprovada em 2010. E a partir daí conseguir levar esse tema específico para as escolas, criando assim, uma cultura de sustentabilidade e de preservação da vida, assim como, de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Entre as muitas contribuições dos participantes da audiência, uma das mais contundentes foi do representante da ARCA, Gerson Neto, que citou a urgência de medidas para reduzir os efeitos das mudanças climáticas, que já estão sendo sentidas, como a diferença no regime de chuvas e no volume de águas dos rios. Segundo ele, alguns pontos do planeta já sentem mais essas transformações, citando como exemplo, alguns países, onde as temperaturas chegam a 50º C e as pessoas estão morrendo de calor.
“Isso vai chegar aqui no Brasil, em pouco tempo, 5, 10 anos, então não temos muito tempo para fazer essa educação. Tem que ser para as próximas, mas também para essa geração. Nós somos a primeira geração que pode destruir o planeta e a primeira que pode salvá-lo”, alertou.
Ao final da audiência ficou definida a criação de um grupo, que pode ser um Fórum ou um Comitê, para dar seguimento às discussões e concluir a minuta do projeto, que será finalizado e apresentado para apreciação da Assembleia Legislativa
Climate Reality Project
O Climate Reality Project é uma organização global fundada em 2006 pelo ex-vice-presidente dos Estados Unidos da América, Al Gore, e tem como missão catalisar uma solução para a crise climática, buscando ações em todos os níveis da sociedade. Atua recrutando, treinando e mobilizando pessoas para se tornarem ativistas, promovendo campanhas e recursos para demandar ações climáticas e a transição para uma economia de baixo carbono.
A rede do Climate Reality Project é formada por mais de 45.000 Líderes da Realidade Climática, presentes em mais de 190 países ao redor do mundo.
Em Goiás, o Núcleo Regional do Climate começou a trabalhar no início desse ano. Os primeiros contatos foram com escolas e colégios da rede particular de ensino, sendo que em duas instituições, a organização já obteve resposta positiva, para a implementação da proposta da entidade.
Segundo Guilherme Teles, a ideia é se aproximar também da Secretaria de Estado de Educação e das secretarias municipais, para estender o projeto também para escolas públicas.